Lanche é "confiscado" na escola.O que você acha?

A Escola Carlitos, em São Paulo, proíbe o consumo de guloseimas e refrigerantes diante disso, quem leva esses tipos de alimentos, volta com a lancheira cheia e um bilhetinho para os pais lembrando as regras do colégio. A criança não passa fome, pois os colegas dividem seu lanche conforme relatou a coordenadora pedagógica da escola ao jornal O Estado de São Paulo.

Agora responda: O que você acha deste tipo de medida que está sendo usada no combate à obesidade infantil?



A obesidade infantil atinge no Brasil quase 15% das crianças, o mesmo índice que nos Estados Unidos. Sem dúvida é necessário tomar providências pois trata-se de uma doença crônica, considerada epidêmica pela OMS (organização Mundial da Saúde). O problema vai além das questões estéticas, que também são importantes para uma boa auto-estima, a obesidade trás com ela diabetes, taxas altas de colesterol, hipertensão e problemas cardíacos. Tudo isso em crianças??? Sim em crianças, que carregarão consigo essas patologias pelo resto da vida.

A questão é: será que proibir o consumo de guloseimas e refrigerantes no lanche da escola e até confiscá-los resolve alguma coisa?
Existem outras escolas que tiveram a mesma iniciativa de proibição como a Stance Dual, também citada na matéria do Estadão. Em Natal (RN), uma lei municipal proíbe a venda de alimentos pouco saudáveis na escola, o que ocorre também em outras cidades.


Eu, assim como outros profissionais que trabalham com obesos, acredito que proibir não ajuda. Concordo com a endocrinologista Angela Spinola e Castro, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que disse ao O Estado de São Paulo: "A escola não pode transferir para si um papel que não é dela. Se a criança vem de uma casa onde as pessoas comem sem restrição, não vai aceitar isso" . Ela acrescenta que é difícil proibir esses alimentos devido ao forte marketing e ainda corremos o risco de torná-los mais atrativos. Essa afirmação vai ao encontro das ações realizadas pelo governo do Reino Unido que parou de responsabilizar a propaganda pela epidemia e decidiu criar uma campanha para incentivar a mudança na dieta das crianças e o aumento na quantidade de atividade física.


No post Obesidade Infantil faço um depoimento:
Quando eu era criança tomava refrigerante (normal, porque não existia ligth) e comia salgadinho frito ou hamburger, todos os dias no lanche escolar, fora o chocolate, balas e doces. E não fiquei obesa... Sorte? Genética? Nada disso! Eu chegava em casa e não tinha computador, nem video-game, nem TV a cabo, eu ia brincar no playground! Também não tinha miojo, nem comida processada para jantar, nem bolacha recheada aos montes...


Os tempos mudaram e os hábitos também. Acho interessante a escola adotar iniciativas em prol de uma alimentação saudável, mas para isso é preciso envolver a família, pois o lanche é o menor dos problemas.
Na minha opinião a postura da escola deve ir além da simples proibição, proibir é fácil e não educa. Existem outros meios, mais trabalhosos, onde há chance de se obter bons resultados.


Alimentação/nutrição deve ser usado como tema transversal (A Escola Carlitos faz isso). A Educação alimentar deve permear disciplinas como ciências, biologia, matemática e educação física.
A venda de guloseimas na cantina pode e deve ser proibida. Aqui estão em jogo os valores da Escola e não os da Família do aluno.
Ao oferecer refeições (almoço, lanche), o cardápio deve ser elaborado por um Nutricionista. E a equipe que vai prepará-los deve receber treinamento.
A escola pode desenvolver uma proposta permanente de intervenção, com palestras para pais e professores, triagem e encaminhamento de alunos obesos e com sobrepeso para tratamento. Da mesma forma que o fazem com odontólogos, fonoaldiólogos e psicólogos, sempre que há necessidade.
Criar um programa de atividade física específico que priorize a participação das crianças obesas e com sobrepeso que normalmente tem mais dificuldade para acompanhar as aulas de Educação Física e acabam ficando desestimuladas, alguma até criando aversão à prática de exercícios.

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